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Rafucko chama a mídia de segundo poder

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Rafael Puetter (ou Rafucko, como é mais conhecido) se considera um artivista – uma mistura das palavras artes e ativista. Com humor e ironia, trata de assuntos que estão longe de serem superficiais. Sua especialidade é a política, sobretudo a do Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e vive. “Todo mundo precisa falar de política, e a opção de fazer com humor é porque, já que é uma necessidade, que a gente pelo menos se divirta no meio do caminho, não precisa ser uma coisa chata.” É formado em Rádio e Televisão pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além da política, o artivista fala sobre outros temas tão polêmicos quanto, ironizando sempre o opressor, e não o oprimido. Questões LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), tendenciosidade da imprensa, manifestações e violência policial são alguns dos assuntos abordados em seus vídeos no Youtube. “Difícil falar em liberdade quando ainda se depende de Google e Facebook para difundir conteúdos. São duas grandes empresas, que têm interesses econômicos e coordenadas bem peculiares. A sexualidade, por exemplo, é um tema difícil de ser abordado usando estes dois gigantes da comunicação. Então, é uma liberdade limitada – ou seja, não é livre. (…) O ativismo pode atrapalhar a arte na medida em que estabelece a ela os limites do mundo institucional e político”, afirma o ativista social multimídia.

Rafucko, você se vê mais como um artista ou como ativista?

Me vejo como artivista, uma mistura das duas palavras. Uso a arte para fazer discursos sobre questões políticas.

Quando a arte pode atrapalhar o ativismo?

Acredito que só a arte pode salvar o ativismo. Acredito que precisamos criar um mundo, e é na arte que a criatividade e imaginação não encontram os limites da nossa sociedade construída erroneamente ao longo dos anos.

E quando o ativismo pode atrapalhar a arte?

O ativismo pode atrapalhar a arte na medida em que estabelece a ela os limites do mundo institucional e político.

Você já afirmou em uma certa oportunidade, que nossa vida em sociedade é política. A sociedade de modo geral, já consegue ter isso em mente, ou a polarização irracional está trazendo certa insanidade para o povo?

Qualquer ato é político em uma sociedade com limites e proibições das liberdades individuais. A polarização atrapalha porque faz parecer que há duas opções possíveis – apenas aquelas aceitas pelo sistema – e não uma nova possibilidade, não contemplada no espectro de ações aceitas pelo sistema falho.

O seu humor é muito parecido de certa forma, com o que o jornal francês “Charlie Hebdo” faz. Sofreu alguma influência do semanário no modo como organiza o seu trabalho?

Não conheço o Charlie Hebdo o suficiente para que me influencie. Admiro outros artistas como o alemão Christoph Schlingensief [cineasta, diretor de teatro e ator alemão, 1960 – 2010] e o artista holandês Dries Verhoeven [diretor de teatro e artista visual holandês, 1976 – ].

No humor vale tudo ou em alguma oportunidade você tornou-se o seu próprio censor?

O humor deve ser engraçado, fazer rir. Se machuca, faz chorar, é outra coisa. Tento pensar meus trabalhos com o olhar de quem poderia se ofender. Nem sempre consigo, mas é uma busca constante.

Que pautas você acredita serem necessárias e que devem ser difundidas atualmente com um humor inteligente?

Todas. O humor serve para desarmar nossos medos e, enquanto rimos, baixamos a defesa para falar sobre certos temas. Pra mim, não há tema “proibido” para o humor.

Como enxerga o humor brasileiro de modo geral?

Fraco. Bem fraco. Há coisas boas, mas atualmente, a maioria está limitada por concessões políticas e comerciais. Não acredito que haja humor livre no Brasil.

O cineasta Glauber Rocha, dizia que a função do artista é violentar. Acredita que essa é a função essencial do artista?

Pode ser uma delas, mas não a única. O artista também pode criar beleza. Pode instigar. Violentar é, definitivamente, uma das minhas funções preferidas, mas não acredito ser a única.

Você sentiu na pele o poder das grandes corporações midiáticas. Qual a sua visão do chamado quarto poder?

Discordo da hierarquia. Chamaria a mídia de segundo poder – precedido apenas pelo poder econômico de grandes empresas, empreiteiras, etc. A mídia sempre foi avessa ao meu trabalho, e isso sempre dificultou muito meu percurso. Não há espaço para questionamento dissidente em grandes corporações midiáticas. E são elas que corroboram os absurdos praticados pela elite econômica em detrimento ao povo no Brasil.

O digital (que você usa muito bem) é o único contraponto para uma liberdade de expressão plena em nosso país, ou acredita que não temos liberdade plena em nenhum lugar, até mesmo nos meios que estão conectados na web?

Difícil falar em liberdade quando ainda se depende de Google e Facebook para difundir conteúdos. São duas grandes empresas, que têm interesses econômicos e coordenadas bem peculiares. A sexualidade, por exemplo, é um tema difícil de ser abordado usando estes dois gigantes da comunicação. Então, é uma liberdade limitada – ou seja, não é livre.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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