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José Roberto Danieletto fala sobre tubulações

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Com o intuito de proporcionar orientações básicas para a Escolha, Aplicação, Manutenção e Reparos na utilização de tubulações poliolefínicas – tubos e conexões -, e divulgar as boas práticas na utilização do PEAD (Polietileno de Alta Densidade), a Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos e Sistemas – ABPE, intensifica divulgação do Manual de Boas Práticas para Tubulações de PE e PP. O manual foi elaborado pelo engenheiro e autor José Roberto Danieletto. Danieletto é engenheiro eletrônico formado pela Escola de Engenharia Mauá, com 35 anos na área de tubulações poliolefínicas, é autor do importante e renomado livro “Manual de Tubulações de Polietileno e Polipropileno – Características, Dimensionamento e Instalação”, que está na sua terceira edição e em breve ganhará versão eletrônica. O livro é considerado uma obra completa sobre o assunto. Além de suas atividades empresariais, é coordenador da Comissão de Estudos do Comitê de Saneamento da ABNT-CB177 (CE 177.002.02), sendo representante dessa comissão na International Organization for Standardization ISO/TC 138, subcomitês SC1: Plastics pipes and fittings for soil, waste and drainage (including land drainage) e SC 2: Plastics pipes and fittings for water supplies. “O Brasil ainda está longe de alcançar o volume de tubulações de polietileno da Europa e EUA, o que oferece uma boa perspectiva de crescimento futuro”, afirma.

O senhor tem 35 de experiência na área de tubulações poliolefínicas. Quais as maiores mudanças que viu neste setor em todo esse tempo?

A tubulação poliolefínica passou de uma alternativa aos tubos tradicionais, como PVC e Ferro Fundido, onde era vista com desconfiança e até com repúdio, certamente pelo desconhecimento e dificuldade de aceitar novas tecnologias pelos técnicos do setor, para se tornar a principal opção das companhias de água para suas redes, ramais, adutoras e obras especiais, como emissários submarinos.

Essa mudança se deveu, em especial, ao atestado de confiabilidade das redes de gás em polietileno, a partir dos anos 90, e à consciência das companhias e da população sobre a necessidade de diminuir as perdas de água, tanto pela questão financeira, quanto ecológica, da escassez desse recurso fundamental à vida. As tubulações de gás demonstraram que a tubulação de polietileno é muito segura e contribui substancialmente para evitar vazamentos e as consequentes perdas de água, diminuindo ainda o tempo de execução de obras e resultando num menor custo total.

Além disso, a crescente dificuldade de se executar obras de infraestrutura em centros urbanos, pelo impacto ao tráfego e à mobilidade das pessoas, tornaram as novas técnicas de instalação não destrutivas, com o mínimo de abertura de valas, a principal forma de instalação, alavancando ainda mais o uso de tubos de polietileno, que são especialmente vocacionados a essas tecnologias.

Como se encontra esse setor neste momento de ebulição econômica?

O setor de infraestrutura no Brasil está deprimido, com baixíssimos investimentos, afetando toda a cadeia produtiva, mas esse represamento, por outro lado, torna o setor atrativo dada a enorme necessidade brasileira de redes de água e esgoto. O Brasil ainda está longe de alcançar o volume de tubulações de polietileno da Europa e EUA, o que oferece uma boa perspectiva de crescimento futuro.

Qual a importância do “Manual de Tubulações de Polietileno e Polipropileno – Características, Dimensionamento e Instalações” para este setor?

Provavelmente é a fonte de informações mais abrangente na língua portuguesa sobre essas tubulações, e acabou por se tornar a referência dos projetistas, instaladores e especificadores. Como as tubulações poliolefínicas praticamente não são abordadas nas universidades, os novos profissionais pouco sabem a seu respeito, e quem não conhece um produto não o utiliza. Por isso o manual ajudou muito no uso dessas tubulações, contribuindo, indiretamente, para a sua expansão no mercado brasileiro.

Como os profissionais desse ramo de atuação poderão usufruir dessa obra?

O manual aborda desde as características das poliolefinas e suas diferenças com outros plásticos à sua especificação nas tubulações, ajudando a definir a melhor poliolefina para cada aplicação. Também aborda os conceitos e os cálculos de dimensionamento de tubulações para líquidos e gases nas mais diversas condições de instalação e aplicação, bem como procedimentos de instalação e controle de qualidade. Ou seja, atende desde as necessidades dos projetistas, quanto dos especificadores, compradores, instaladores e inspetores de qualidade.

Em que momento surgiu a ideia de elaboração desse manual que já está em sua terceira edição?

Surgiu em 1986, quando um amigo, já falecido, Edson Séspedes Medialadéa, que atuava na área de marketing da petroquímica Polialden produtora de polietileno, e que também possuía um instituto de cursos técnicos na área de plásticos, viu os manuais internos que eu fazia para a empresa em que trabalhava como gerente de engenharia, a Dutoflex, que foi pioneira na produção de tubos de polietileno e polipropileno no Brasil, e mais tarde foi vendida a uma empresa estrangeira. Como não havia quase informações sobre esses tubos no Brasil, eu reunia toda informação que conseguia de empresas no exterior, fabricante de tubos e de resina, e de livros estrangeiros, a bem da verdade um único livro sobre o tema do professor sueco Lars-Eric Janson, e fui fazendo apostilas, para meu uso principalmente, e também dava treinamentos e escrevia manuais para uso interno e comercial. Esse material foi crescendo com as observações e conclusões que fazia das nossas próprias experiências na fabricação e instalação dessas tubulações.

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Enfim, o Edson achou o material muito interessante e ficou três anos tentando me convencer a transformar em livro. Relutei muito, mas acabou acontecendo, lançado pela editora Medialdéa, do próprio. Daí, para mim, o Edson é o grande responsável por esse manual e deixou saudades no setor. A primeira edição deveria ter dois volumes, onde o primeiro trata das especificações e dimensionamento e o segundo abordaria procedimentos de instalação, que acabou não ocorrendo, e o Edson vindo a falecer. Esse segundo volume acabou sendo incorporado ao primeiro na segunda edição, tornando-se então o manual atual, já editado pela Editora Linha Aberta, comandada por Daniel de Freitas Costa.

Quais os pontos que acredita serem de maior destaque e essenciais no manual?

Os procedimentos de dimensionamento e instalação.

Poderia dizer para os nossos leitores (e para os leigos, em geral) como o polietileno e o polipropileno são fundamentais na cadeia produtiva?

São plásticos bastante simples, atóxicos, estáveis quimicamente, confiáveis e de fácil produção. O polietileno pode ainda ser produzido através do gás extraído da cana-de-açúcar, o que o torna ecologicamente interessante também. Os tubos e conexões produzidos com essas poliolefinas permitem a união por solda, de maneira simples e segura, dando maior confiabilidade contra vazamentos e resistência em movimentos de solos. A flexibilidade facilita a instalação e minimiza tempo de obra, logo custos. O Brasil é grande produtor desses plásticos com demanda crescente.

Como definiria o seu papel como coordenador da Comissão de Estudos do Comitê de Saneamento da ABNT-CB177?

Coordeno o CE 177.002.02 do Comitê de Saneamento e Subcomitê de Poliolefinas, como representante da ABPE. Nossa ação tem sido no sentido de deixar as normas brasileiras em consonância com o estado da arte mundial. Dessa forma, tornamos nossos produtos competitivos em escala mundial e com as normas técnicas damos as ferramentas necessárias para o consumidor especificar e comprar com segurança. Acredito que temos sido produtivos e alcançamos esses objetivos e promovemos debates frutíferos do setor produtivo com os consumidores, em especial as empresas de saneamento, esclarecendo dúvidas e também recebendo os feedbacks dos usuários que nos auxiliam no rumo das normas. Como coordenador desse comitê sou ainda representante brasileiro nas reuniões da ISO TC 138, comitê técnico de tubos plásticos da International Standardization Organization, que elabora as normas internacionais do setor. Isso nos aproxima do estado da arte mundial e contribui muito para a troca de conhecimento e informações para nosso setor no Brasil.

Qual a importância da ABPE neste segmento?

A ABPE é a referência do segmento, transmitindo o conhecimento e divulgando o produto e suas aplicações, bem como oferecendo ao usuário empresas qualificadas, através de nosso Plano de Garantia da Qualidade dos associados, melhorando a qualidade dos produtos, e dirimindo dúvidas de qualidades através de ensaios de produtos trazidos à ABPE pelos usuários para avaliação da conformidade.

Quais os principais pilares do Programa de Garantia de Qualidade que foi instituído pela associação?

A elevação dos padrões de qualidade dos produtos e instalações mais confiáveis, consolidando as tubulações poliolefínicas como um ótimo produto e de grande benefício ao setor.

Para onde caminhará esse setor num futuro próximo?

Tecnicamente, esses produtos já estão maduros, com ótimas soluções, mas ainda há espaço para a melhoria constante das resinas, como maior desempenho, tornando-se mais resistentes, em especial a danos durante a instalação, mais leves, com a diminuição consequente das espessuras dos tubos e com conexões ainda mais práticas e de maior diâmetro. Há uma visível tendência para tubos de diâmetros cada vez maiores, permitindo o uso de tubulações poliolefínicas em aplicações que ainda não eram competitivas com tubos de aço ou concreto, por exemplo.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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